23/10/13

Um conto de Halloween

Pois como o titulo indica o conto que se segue tem a ver com o halloween (ou não -.-"), mas ainda falta alguns dias para esse dia né?
A verdade é que esse conto foi escrito para o concurso do Prom Spacee ficara aqui publicado para quem o quiseres ler (sim eu sei não está lá grande coisa mas o que conta é a intenção...)


A noite escarlate


Todos os dias era a mesma coisa, ia para a escola e no final das aulas voltava para o orfanato onde vivia, na verdade seus dias não tinham nada de interessante, era assim que Momo pensava ao fim de dezassete anos vivendo num mundo onde o senso comum reinava.
Tinha ouvido umas garotas da sua turma falarem de um pastor que através de bruxarias conseguia resolver problemas de qualquer ordem, de facto ficou um pouco interessada nesse homem, devia ser mais um daqueles que não tinha mais nada que fazer se não extorquir dinheiro ás pessoas, contudo pediu um papel com os dados desse senhor, olhava a sua morada escrita em tinta preta quando as primeiras pingas de chuva começaram a cair, seria um dia horrível, nem sequer tinha levado consigo um guarda chuva.
Finalmente chegara ao casebre indicado no papel, bateu várias vezes na porta mas ninguém lhe apareceu, impaciente e achando que as garotas tinham gozado com ela entrou pela casa a dentro, encontrou  um vela no meio do chão e um homem orando  com um terço feito em madeira.
_ Sempre vieste garota_ Sorriu felinamente para ela, levantando-se, Momo ia perguntar o que aquele velhote estava a fazer, mas isso não fora necessário, o observou pegando um livro de capa grossa um pouco deteriorado_ Querias que eu invocasse um demónio para teres a certeza que não minto em relação ao meu trabalho.
_É mesmo isso!_ Afirmou convicta que ele estava a fazer jogo psicológico.
O velho tornou-se a sentar no chão em frente á vela e começou a citar uma oração que proporcionava a Momo um arrepio frio nas costas nada agradável, aquele homem não estava a brincava, lia calmamente o livro de S. Cipriano conseguindo obter o que Momo queria.
Á volta da vela formou-se um sombra aterrorizante pedindo o sangue da menina, sem qualquer hesitação esticou o braço e sua mão foi cortada, vertendo o sangue até ao chão, parecia que aquele vulto negro sorria para ela e como se uma mão envolvesse a sua foi puxada para dentro daquele denso nevoeiro.
Passado essa escuridão, viu-se num edifício que mais parecia uma catedral gigante, as grandes janelas envidraçadas deixavam entram uma luz avermelhada e um choro ecoava por todo o edifício.
_Não vás irmã_ Um garotinho com as suas roupas ensanguentadas pediu segurando a ponta da saia da menina.
_ Que queres seu pirralho_ Queria seguir em frente ali não tinha mais nada se não aquele miudinho, levou á mão ao bolso e atirou-lhe com alguns rebuçados que tinha comprado pelo caminho_ Isso deve ser o suficiente…_ Retorquiu puxando a sua saia, ainda ouviu o menino dizer para não ir mas apenas o ignorou.
Bateu a porta com força e seguiu por um longo corredor que não parecia ter fim, enquanto caminhava olhava pelas janelas  a única paisagem que visualizava era um céu em tons vermelhos e arroxeados e uma infinita escuridão que aos poucos avaladava o seu coração.
_Uma humana aqui…_ Olhou para trás procurando a voz feminina, mas não encontrou nada apenas quando se voltou para a frente deparou-se com uma bela mulher de lábios marron e longos cabelos ondulados cinza.
Ficou petrificada olhando a  mulher de um olhar lilás frio, nem bem se apercebeu que ela se aproximou dela agarrando-a pelo pescoço_ Pareces deliciosa…_ Comentou apertando-lhe o pescoço com mais força, Momo começava a ficar sem ar, esforçando-se ao máximo para ainda respirar.
Foi num segundo que viu sangue passar em frente aos seus olhos, a voz gritante da mulher se fez ouvir por todo o edifico e seu braço caiu inteiro no chão, correu afastando-se dela enquanto ainda era tempo, mas logo seu corpo bateu contra a parede em pedra sentido ser esganada outra vez, contudo não tinha ninguém atrás de Momo, quem lhe apertava o pescoço era o membro cortada da mulher com mais violência que antes.
Contudo aquele impacto desfez-se em pouco tempo, olhou de novo para o chão e encontrou aquele braço mais morto que nunca, sua respiração era acelerada, ainda estava assustada pelo susto que tinha tomado, olhou ao redor e encontrou a mulher junto á janela do outro lado, tentando parar o sangue que vertia do seu ombro, do outro lado viu um vulto negro de um homem.
_ Deixa a minha convidada em paz Selty!_ Esbravejou a voz masculina que Momo já tinha ouvido antes a mesma que a tinha arrastado para aquele lugar.
_ Porque? Eu também quero essa humana!_ Era notório a dor que sentia pela perda do seu braço, que estava caído aos pés de Momo e ao invés de apodrecer a carne morta tornava-se em aranhas aveludadas que trepavam as pernas da menina.
_ Eu falei para parar!_ Tornou a gritar o homem, expelindo o seu poder tão forte como um rajada de vento, quando Momo tornou a olhar viu a tal de Selty despedaçar-se como uma boneca de porcelana, mas o que estava a acontecer? Parecia que estava a ter alucinações, não, não era porque podia sentir a mão fria daquele homem a puxar.
Queria lhe perguntar o que se estava a passar, se aquilo era tudo um feitiço sem graça daquele velhote para a assustar, mas apenas deixou-se ser arrastada, pelas sombras via rostos estreitarem os dois  e pareciam falar algo que ia além do entendimento de Momo.
Entrou dentro de um grande salão apenas iluminado por umas lanternas de álcool, uma raposa embalsamada  guardava a porta, parou  junto a ela observando o homem caminhar em direção a uma cadeira de madeira com um grande crucifixo atrás preso na parede.
Seus passos ecoavam na noite escarlate, o venho relógio de corda dava as doze badalas e o cuco pulando fora cantava “vais morrer, vais morrer” , o coração de Momo congelava sobre o sorriso cálido do homem que se tinha acomodado na cadeira observando a bela garota.
_Porque me estás a ajudar? Porquê isto tudo?
_ Eu não te estou a ajudar, apenas não quis partilhar a minha refeição com outra pessoa_ Seus cabelos cor de fogo caiam-lhe pelos ombros e seu olhar com de sangue  visualizava a garota á sua frente.
_Refeição? Tsc.. eu não sou combustível._ Ironizou encostando-se á parede cruzando os braços.
_A mim me pareces ser um prato  delicioso…_ levantou-se passando o dedo em seus lábios, o cuco tornou a saltar fora do relógio tornando a abrir o bico para dizer “Vais morrer, vais morrer”, apertou a garota contra a parede acabando com a brincadeira.
_ Que… que pensas que estas a fazer?
_ A dar um comprimento de despedida_ Sorriu espalmando os seus lábios contra os dela, mas para Momo não ouve tempo para se sentir envergonhada, tratava-se mesmo de uma despedida, as unhas de Aran cravaram no seu peito arrancando-lhe o coração, ainda avistou-o com o seu órgão bombeando na mão dele, mas logo caiu ao chão a vida acabaria daquele jeito tão simples e triste.
Mas não! Despertou deitada no chão da casa daquele velhote a vela ao seu lado, estava dentro de um circulo com uma estrela feita em sangue, ainda se sentia desacreditada, não parecia ter sido um sonho, arrancou os botões da blusa e verificou um cicatriz feia em seu peito, mas observando melhor, seu peito era liso como de um homem e suas mãos eram maiores.

Correu para junto da janela e viu sem reflexo na vidraça, estava presa no corpo daquele homem, sorriu vitorioso, finalmente tinha conseguido forma humana para entrar no mundo terrestre e partilhando aquele corpo com a garota faria uma dominação mundial!

2 comentários:

  1. Muito boom Rima!
    Vc foi a primeira a nos enviar o texto e ficamos muito felizes com a sua participação :D :D
    Obg por ter se inscrito ^^ ^^
    -PromSpace

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